Memórias
- Jamile Borges
- 9 de abr. de 2020
- 2 min de leitura

Comecei a pensar desde o dia que revisitei meu banco de fotos que a vida é como um grande retalho, sim um retalho de memórias. O que mais me impressionou foi que existe alguns subgrupos delas. Primeiro temos aquelas associadas a saudade. Elas inicialmente te causam dor pois a lembrança de que aquele momento nunca mais vai acontecer te corroí. Mas depois que o coração se acalma as vemos com uma nostalgia e até sorrimos com as lembranças. Existem aquelas que ao olhar te geram gratidão por tê – las vivido, mas com o tempo entende que deixá-las ir é o melhor e assim elas se apagam como um retrato velho e nas poucas vezes que você se lembra rapidamente se vão como folhas ao vento. E as terceiras são aquelas de assunto inacabado , as quais de alguma forma você deseja voltar para refazê-la. Só que no fim, mesmo odiando , temos que aceitar e trabalhar o coração para deixar ir.
Na grande colcha que compõem as memórias existem aquelas que não sem encontram em nenhuma das três categorias anteriores . São aquelas ligadas ao seu presente. Que te constituem , são a base de tudo o que existe na sua vida . Sua família e seus relacionamentos . Essas são revisitadas nas conversas do dia a dia , quando você olha algo e te vem a imagem de alguém ou até mesmo quando aquela saudade alegre te invade e você precisa preenchê-la.
Olhando a grande colcha que garante minha esperança , me fazem descansar ,me dão calor e paz. Todas vezes que as batalhas do presente e as incertezas do futuro me assustam. Talvez é por isso que ,dentro dessa incrível máquina que habita em nós, as escolhe tão sabiamente . Elas nos inspiram e nos iluminam nos momentos mais sombrios. Os sons , as imagens , os cheiros completam uma verdadeira peça e ao levantar essa enorme colcha vemos o quão importante é ter esses momentos.
Todas as vezes que fico triste essas memórias me preenchem e dão forças para as minhas pernas . Sopram o balão dos meus sonhos e eu consigo acreditar … E talvez por isso ter fotos , das mais tolas ou registros físicos, sejam tão importantes para manter esses retalhos vivos . Mesmo a mais dolorosa memoria regada a saudade pode gerar a mais bela peça , o tecido mais bonito , o mais brilhoso. Esse quentinho e segurança delas me abraçam. E quem sabe agora você que também está lendo esse texto possa lembrar que não está só. Se esticar um pouco os braços essas memórias fundamentais vão te guiar e quem sabe te reconectar com uma parte de você já esquecida ?
P.S - Obrigada Bolotinha nos vemos lá !

Comments